Exportações de minério de ferro do Brasil batem recorde em julho, mas receita cai com preços mais baixos

Novo recorde histórico de volume

O Brasil exportou 41,1 milhões de toneladas de minério de ferro em julho deste ano, um aumento de 4,7% em relação ao mesmo mês de 2024. O volume representa um novo recorde mensal histórico, superando os 39,5 milhões de toneladas embarcadas em dezembro de 2015. As informações foram divulgadas pela agência Reuters com base em dados oficiais do governo.

Receita em queda devido à desvalorização do minério

Apesar do recorde de volume, a receita gerada pelas exportações de minério de ferro recuou 8,8% em julho na comparação anual, totalizando US$ 2,62 bilhões. A queda é atribuída à desvalorização do minério no mercado internacional, com preços cerca de 13% menores do que os registrados em julho do ano passado.

Confiança renovada no setor

De acordo com a associação do setor mineral Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), os meses de junho e julho marcaram uma retomada da confiança no setor. O principal fator para isso foi o avanço de grandes projetos de infraestrutura na China, além da retomada da produção em algumas frentes. Segundo o Ibram, esses elementos podem ter influenciado positivamente a demanda global e contribuído para uma leve recuperação nos preços a partir do final de junho.

Mercado internacional em trajetória de alta

Após mais de três meses de estabilidade, o mercado global de minério de ferro retomou uma trajetória de valorização em julho. Segundo analistas, a continuidade dessa tendência dependerá das próximas ações do governo chinês. Caso Pequim confirme novas medidas de estímulo ao setor de infraestrutura, os preços da commodity poderão se manter acima de US$ 100 por tonelada no curto prazo.

Projeções para o médio prazo

Em relatório recente, o GMK Center lembrou que a agência de classificação de risco Moody’s projeta que os preços do minério de ferro devem permanecer entre US$ 80 e US$ 100 por tonelada nos próximos 12 a 18 meses. A previsão considera a demanda ainda fraca por parte da China, principal consumidora mundial, além da ampla oferta no mercado global.

Essa mesma avaliação é compartilhada pela consultoria BMI Country Risk and Industry Research, que manteve sua estimativa de preço médio anual para 2025 em US$ 100 por tonelada. No entanto, a empresa reconhece que a pressão exercida pela demanda enfraquecida pode afetar esse patamar.

Participação do Brasil no mercado global

O Brasil é o segundo maior exportador mundial de minério de ferro, atrás apenas da Austrália. A commodity está entre os principais produtos da pauta exportadora brasileira, ao lado do petróleo e da soja.

Os dados sobre o desempenho do minério em julho chegam no mesmo momento em que o país registrou um superávit comercial de US$ 7,1 bilhões no mês — uma queda de 6,3% em relação ao saldo obtido em julho de 2024.

Vale lidera os embarques

As exportações brasileiras de minério de ferro são majoritariamente lideradas pela mineradora Vale (VALE3.SA), que desempenha papel fundamental na performance do setor. Segundo os dados do governo, mesmo com a queda nas receitas, o aumento no volume embarcado reforça a relevância estratégica da commodity para a balança comercial brasileira.